A ciência organizacional é um tema em constante crescimento, portanto ainda irá ecoar muito o termo sensemaking para a organização. Esse será um debate contínuo em empresas que desejam compreender com profundidade a estrutura orgânica do negócio, construir uma nova cultura e acompanhar com segurança as inúmeras transformações geradas pelo mundo VUCA.
No livro Sensemaking in Organizations, de Karl Weick, menciona uma frase que resume a questão que muitos já sabem sobre o sensemaking, que é ‘fazer sentido’, mas como gerar essa compreensão e sentido? Então ele diz o seguinte: “Como posso saber o que penso, até ver o que digo?”.
Sensemaking para organização é também um estímulo dos sentidos. ‘Sentir’ e ver por meio da percepção sobre si e o ambiente. Afinal, depois que entramos na bolha, para sair, exige remodelagem de pontos de vista e reestruturação em estratégias que não mais funcionam.
No artigo gostaríamos de ir mais afundo nesse tema. Algumas questões são: como funciona o ‘fazer sentido’ na prática, razões pelas quais perdemos esse sentido no ambiente organizacional e técnicas cognitivas eficientes para gerar reflexão e transformação na cultura da empresa.
A Natureza é a maior inspiração para o sensemaking
Ultimamente o sensemaking está em praticamente todas as estratégias que aplicamos em remodelação e reestruturação organizacional. Quando gestores, líderes, não conseguem juntos, achar uma solução para um problema enfrentado, isso é sinal de que algo está errado.
Imagine o ambiente organizacional como um corpo físico humano. O homem não entra em contato com a célula para que ela se renove e faça suas funções. Não precisamos dar comandos ao coração para que ele bombeie o sangue e permita que circule em todo o nosso corpo.
A natureza seja humana, botânica e tantas outras, possui sistemas altamente inteligentes, para além dessa inteligência, existe um ponto chave: integram com excelência suas funções. Independente se esses padrões são ou não identificados, eles existem. É ordenado, atua em conjunto e principalmente em colaboração de sistemas internos e externos.
O homem descobre informações cruciais sobre as funções da natureza ao detectar padrões. Aplica esse conhecimento para tratar, produzir e construir o ambiente físico em que vive das mais diversas formas.
Como o sensemaking na organização gera mudanças?
Sabemos como a natureza atua em suas diversas cadeias, mesmo sendo um ambiente infinito a descobrir e estudar, cientistas e pesquisadores possuem conhecimentos sólidos para avançar em descobertas futuras. A sociologia também é uma ciência social que explora a organização do homem no seu ambiente social.
Enquanto as empresas por muito tempo foram percebidas como um ambiente ordenado por hierarquias e decisões programadas por teorias administrativas x e y que já não mais funcionam com efetividade.
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Somente após as transformações múltiplas geradas pelo mundo VUCA, passou-se a enxergar empresas com a sua tamanha complexidade e dar uma atenção maior ao fator mais importante: o humano. Cada pessoa dentro de uma organização é um órgão, é preciso que cada órgão atue em sincronia, em colaboratividade.
Quando algo está incerto, seja na cultura organizacional, interação com o cliente ou processos de produção, é hora de rever as práticas. É aí que entra o sensemaking para a organização.
O despertar de si, de cada um, para a própria percepção. A solução não será apresentada pela consultoria, mas pelos colaboradores atuando em conjunto, se percebendo, retomando a consciência sobre os processos e saindo de automatismos.
Por muito tempo, organizações focavam em trazer padrões para desenvolver uma estrutura financeira e administrativa sólida. Até notarmos que o Recursos Humanos não estava tão humano assim e que muitos padrões necessitavam ser revistos.
Esses padrões são úteis em contextos práticos, mas tais técnicas uma vez aplicadas, não avançam por si só. Essa é a grande questão. A empresa só vai avançar em conjunto, por meio da sua estrutura interna e o lidar com pessoas, com os próprios órgãos essenciais.
Como construímos sentido com o sensemaking organizacional?
No livro Sensemaking o autor explora alguns tópicos interessantes (leitura de cabeceira) para quem quer entender definitivamente sobre o tema e a aplicação.
Exemplos:
Fazer sentido e identidade: quem entendemos ‘ser’ em relação ao mundo. Ou seja, como cada integrante percebe diferentes setores da empresa, o resumo desse ‘mundo externo’.
Sensemaking e ‘fazer sentido’ é um fluxo contínuo: o mundo, a interação e as perspectivas humanas mudam constantemente. Ou seja, o que faz sentido num momento, pode não fazer em outra circunstância e cenário;
Pistas extraídas: o objetivo é aguçar os sentidos e a percepção por meio da fala e da escrita.
Sair do automático e se reconstruir TODOS os dias!
Um desafio para as empresas atualmente é se reconstruir todos os dias, estar atento as transformações e acompanhá-las sem perder a identidade, o foco e a razão de ser. Essa identidade só chega ao consciente e permite ser vista quando saímos de padrões e zonas já desgastadas.
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Sensemaking na organização é a oportunidade de reconstrução de um DNA forte, notável e que irá perpetuar e se integrar a diferentes cenários. Para esse objetivo é preciso exercitar os sentidos, a percepção e deixar de ver empresas como meras estruturas físicas, passar a enxergar como um sistema inteligente e parte da natureza.