A representatividade na empresa é uma iniciativa que deve ir muito além das exigências legislativas. Uma organização que investe em diversidade se destaca em diversos aspectos, além de ampliar a visão e estar incluso nas causas e lutas sociais.
A população brasileira é composta por (54%) de negros, (52%) de mulheres e (24%) de pessoas com deficiências, além do público LGBT e indígenas. São cerca de 45 milhões de brasileiros que lutam por um espaço inclusivo e democrático no ambiente de trabalho.
O que geralmente as empresas fazem, principalmente no setor de publicidade, é restringir a inclusão às campanhas, o que também é importante, mas a representatividade na empresa deve ir além, e estar inclusa na cultura organizacional, no quadro de funcionários, por exemplo.
Imagina um consumidor sentir-se representado pela marca numa campanha, mas ao tentar uma vaga na empresa, por exemplo, perceber que não há inclusão, não existe funcionário no perfil que mencionam. E se existe, é somente um funcionário, conforme exige a legislação.
Veja a seguir questões importantes sobre a representatividade nas empresas e todos os benefícios no âmbito social e na valorização sociocultural do negócio.
Formação de equipes mais criativas
A diversidade na empresa contribui para o enriquecimento cultural e valorização das perspectivas. Principalmente as organizações que atuam com comunicação externa, publicidade e campanhas, devem encarar a representatividade na empresa como algo essencial, condizente com a cultura do negócio.
Cada integrante da equipe irá pensar e criar conforme o contexto em que vive. Muitas vezes, restringimos esse contexto a questões geográficas, como uma cidade, país ou classe social, deixando de lado as questões de gênero, raça e inúmeras deficiências. Toda essa diversidade enxerga e interpreta as situações de maneira singular.
Ter representatividade numa agência de publicidade, por exemplo, é vital para evitar gafes comuns que desmoronam uma ação. É essencial investir em pluralidade, ter culturas e perspectivas internas que propiciem a criação de iniciativas ricas com visão ampla e ao mesmo tempo singular, pois está inserida no tocante de cada grupo ou indivíduo.
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É aí que está o enriquecimento da cultura empresarial quando se discute sobre a representatividade nas organizações. A linguagem humana é construída através de uma série de experiências, viver num país, cidade, participar de um grupo, e tantos outros contextos, modificam a maneira pela qual decodificamos as informações e pensamos.
Já existem estudos consolidados na ciência cognitiva sobre as variedades linguísticas apresentadas por determinados idiomas e diferentes comunidades.
Abaixo a apresentação da pesquisadora Lera Boroditsky, fala sobre a importância de compreendermos o universo cognitivo humano e todas as suas nuances para construção do conhecimento rico e criativo.
Cultura organizacional inclusiva
Preocupar-se com a diversidade é uma questão de responsabilidade social, para além de leis que façam essa exigência, organizações necessitam preocupa-se em incluir um público que vem crescendo e lutando por seu espaço. Pela primeira vez na história, pardos e negros são maioria entre os inscritos nas instituições de ensino superior na rede pública do país.
No Brasil, os negros são maioria, representando (55,9%) da população. Embora esse ingresso na universidade seja um registro importante e otimista, a realidade dentro das organizações, não acompanha essa inclusão, sobretudo em cargos de alta hierarquia.
Um estudo divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) junto ao Instituto Ethos apontou que apenas (4,7%) dos cargos executivos entre as 500 maiores empresas do Brasil, são representados por pessoas negras. Quando questionadas, a maioria das empresas argumentou que não encontraram pessoas negras, deficientes ou LGBT com currículos qualificados.
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Quando se trata de quadros executivos, é uma questão ainda mais delicada, sobretudo para o público LGBT, pela possibilidade de possuírem uma linguagem, comunicação, jeito diferente, as empresas não consideram incluir essas personas no seu quadro.
Por outro lado, ainda existem organizações preocupadas com essa causa como o escritório TozziniFreire que deu início a formação de uma equipe para debates sobre a inclusão de LGBTs. O objetivo é tornar o ambiente de trabalho jurídico mais amigável para esse público.
Como as empresas podem ser mais inclusivas com iniciativas e sem ‘desculpas’?
- Dialogar com nichos específicos, como as associações de pesquisadores negros, o que vale também para o público LGBT, portadores de deficiências, indígenas, dentre outros;
- É preciso criar estratégicas internas e externas de como dialogar com esse público diverso;
- Treinar a equipe e principalmente a liderança, a fim de construir um ambiente amigável e receptivo às diferenças;
- Acompanhar as iniciativas como a Out Leadership, primeira organização LGBT global com 70 multinacionais que apoiam;
- Análise de acessibilidade física;
- Desenvolvimento de comunicação;
- Análise de acessibilidade tecnológica;