Ambientes de trabalho ao longo dos anos foram especificamente pensados para a máxima produção e rentabilidade. A psicologia organizacional é imprescindível para o entendimento das complexidades individuais do ser humano e como se dá a interação de grupos saudáveis.
Segundo uma pesquisa levantada em 2018, pela International Stress Management Association (Isma – BR), 32% dos trabalhadores no Brasil receberam o diagnóstico da síndrome de Burnout, uma doença crônica relacionada a ambientes de trabalho caóticos.
Empatia é a palavra da vez, ‘enxergar através da lente do outro’, porém, esse não é um processo simples em todos os contextos. No trabalho, por exemplo, há naturalmente competitividade, luta de egos e enfrentamento de questões internas, quando essas se deparam com o ambiente externo.
A teoria Junguiana e o processo de individuação é um conceito de extrema relevância para o entendimento amplo do colaborador, sua individualidade e interação.
Como tudo isso se dá na prática? É possível construir um ambiente de pessoas mais intuitivas que ‘sentem’ os próximos e interpretam cenários?
Vamos refletir sobre a importância da psicologia organizacional na prática e como essa ciência transforma cenários pesados em espaços harmoniosos e humanos.
Compreender como as pessoas enxergam
A psicologia organizacional que segue a linha de Carl Jung, chamada de ‘processo de individuação’, tem como propósito compreender com amplitude os mecanismos psíquicos que regem a maneira pela qual a pessoa percebe e integra o mundo, fazendo um paralelo, com o sistema sensório, como sente.
Tais estímulos são realizados por sistemas internos e externos administrados por funções psicológicas de percepção. Isso significa que cada pessoa possui seu próprio sistema de percepção, um filtro, logo, para construir espaços mais harmônicos é de suma importância ouvir e perceber ‘quem’ são essas pessoas, o que consideram e sentem no ambiente em que trabalham.
OUVIR pessoas e formar a IDENTIDADE
Por muitos anos as empresas construíam a própria identidade e os funcionários teriam de se adequar a ela. E aí surgiu a crise, pois embora a Inteligência Artificial, o avanço das plataformas integradas, sejam admiráveis e possa contribuir em diversos cenários, não avançam por si só.
Só o homem tem o potencial de transformar e avançar, logo empresas são compostas por pessoas que anseiam em acompanhar mudanças e vibram por essas transformações, com intuito de realizações não só profissionais, mas de algo que preencha algum aspecto da própria vida enquanto ser humano.
A psicologia organizacional junguiana consiste na aplicação de algumas atividades em grupo e individualmente, como:
- Entrevistas individuais e coletivas;
- Detectar como cada pessoa percebe o ambiente de trabalho;
- Quais são os anseios individuais apresentados através da escrita;
- Utilização de métodos não verbais em grupo;
- Trabalho de conteúdos inconscientes.
Emoções, razão e intuição
No livro Rápido e Devagar: duas formas de pensar, de Daniel Kahneman, o autor define duas maneiras que a mente organiza o pensamento, sendo o 1, rápido, que seria a intuição, utilizada em situações mais dinâmicas.
Já o pensamento 2 é lento, quando necessita acionar mecanismos racionais para interpretar cálculos complexos, por exemplo, sem o uso de calculadoras ou avaliar um dado estatístico.
Tanto o sistema 1, como o 2, são muito importantes na organização cognitiva, porém é imprescindível que exista o treinamento e equilíbrio no uso de ambos os mecanismos.
Como já refletiu o neurocientista António Damásio as emoções regem o ser humano. Nenhuma ação racional se dá sem a presença das emoções.
A emoção é integrada ao sistema nervoso e no cérebro está presente em regiões como o sistema límbico, também atuando através de respostas sensórias, memória, sistemas motores, dentre outros.
Emite emoção através da respiração mais ofegante quando está em perigo. Quando recorda do cheiro do bolo da sua vó ou reconhece a voz de uma pessoa que ama. Essas sensações e percepções são integradas a memória e emoção.
No entanto, as respostas emocionais relacionadas a cognição (como pensamos e agimos) podem sofrer intermédio consciente da razão, questionamento, avaliação e autopercepção.
As respostas racionais não excluem as emoções, apenas as gerencia com maior consciência.
Intuição
Intuição é uma palavra do latim, originalmente vem do inuitione. Parte da união de “in” (em dentro) e “tuere” (olhar para, guardar). Na prática, é um conhecimento que ajuda a prever o que é ou pode ser. Trazer para o dia a dia organizacional esse tipo de habilidade é imprescindível na tradução de ambientes voláteis.
Quando não é possível realizar cálculos e prevê através de uma linearidade lógica, é fundamental que gestores e líderes estimulem suas habilidades intuitivas e passem a acessar experiências passadas, percepções e nuances da criatividade para sugerir possíveis caminhos.
Todo ser humano possui acesso aos mecanismos da intuição e pode acessá-lo nos momentos em que calcular ou medir, não são as opções mais assertivas para determinados contextos incalculáveis ou incertos, por exemplo.
Intuição no ambiente organizacional estimula:
- Percepção do outro e a sensibilidade;
- Segurança e o despertar da criatividade em situações ambíguas;
- Perceber o ambiente complexo e sugerir soluções assertivas;
- Ampliar a capacidade de mudar cenários;
- Antever problemas;
- Acionar mecanismos mais profundos da memória e acessar experiências passadas que podem contribuir no presente.
Esperamos ter contribuído com uma visão mais ampla sobre a psicologia organizacional. Se também a considera importante, deixe o seu comentário!
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