Constantemente o termo antifrágil surge e muitos gestores ainda desconhecem esse conceito e a importância em uma organização. Resumidamente, o frágil se perde em meio ao caos e o antifrágil se beneficia do caos.
Este conceito surgiu de pesquisas realizadas pelo professor libanês da Universidade de Nova York, Nassim Nicholas Taleb, considerado um dos nomes mais importantes do mundo quando o assunto é mercado financeiro.
No livro, traduzido para o português Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos, Taleb esclarece que o oposto de frágil não é forte, mas antifágril. Frágil remete ao que sai prejudicado, o que se relaciona com quebra, rompimento ou deformação. O antifrágil é aquilo que se torna melhor ainda diante de uma situação adversa.
O conceito ou também tratado como “mentalidade antifrágil” está além da resiliência. O antifrágil não se trata, como ocorre, na mentalidade resiliente, de suportar situações extremas sem alteração, aliás, segundo o conceito de Taleb, a resiliência nem sempre pode provocar transformações positivas, já a mentalidade antifrágil estimula a grandes e positivas mudanças.
O pesquisador em outro livro de sucesso, A Lógica do Cisne Negro, fez uma previsão de quebra do banco Lehman Brothers, um dos mais importantes do mundo. Taleb costuma tratar acontecimentos inusitados que fogem da previsão como cisnes negros.
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Como as organizações podem se beneficiar da mentalidade Antifrágil
Para Taleb, todos os sistemas estão baseados em três categorias: robusto, frágil e antifrágil. Aquilo que é frágil se perde por conta da volatilidade, o que é robusto resiste e aquilo que é antifrágil se beneficia dessa realidade.
Fragilidade geralmente está associada a perder mais do que ganhar em situações adversas (mais desvantagem do que vantagens). Na antifragilidade se ganha mais do que se perde. O que é robusto fica em uma zona de equilíbrio (ganhos e perdas igualados).
No ambiente das organizações a mentalidade antifrágil está relacionada a não fugir dos riscos, é quando o gestor está preparado para o caso do surgimento de “cisnes negros” e diante desse cenário, consegue enxergar promissoras oportunidades.
Na mentalidade antifrágil, a pessoa considera todos os fatores externos e, inclusive, o inesperado, a partir dessa consciência, consegue encarar as mudanças frenéticas como algo natural e também positivo. Na antifragilidade busca-se sempre o aperfeiçoamento.
O que Taleb traz como reflexão em torno da mentalidade antifrágil é que na maioria das vezes, estão todos focados na prevenção de riscos e na antecipação de crises, e na antifragilidade, a pessoa, apesar de não conseguir prever todos os riscos e crises, consegue se desenvolver em meio ao caos.
Sinais da mentalidade Antifrágil
Alguns modelos de pensamento caracterizam pessoas com a mentalidade antifrágil, como:
- No planejamento, o antifrágil considera situações inesperadas e não apenas um cenário sem crises;
- O antifrágil prefere a instabilidade, porque sente que consegue evoluir em meio a esse contexto;
- Situações de caos, ao invés de causarem medo, provocam sentimento de mudança;
- Crises são vistas como oportunidade e não como problema a ser combatido;
- No desenvolvimento de projetos, a pessoas com essa mentalidade consegue lidar com naturalidade com situações imprevisíveis.
Desenvolvendo a mentalidade Antifrágil
Na maioria dos casos, é comum que se tenha uma mentalidade frágil, que está vulnerável ao externo, mas a antifragilidade pode ser desenvolvida. Através do que também é conhecido como mudança de mindset, é possível reconfigurar a maneira de pensar.
O primeiro passo para desenvolver a mentalidade antifrágil é que a pessoa analise as próprias fraquezas e, no ambiente organizacional, deve ocorrer o mesmo. As empresas precisam frequentemente repensar o seu posicionamento no mercado, rever estratégias, identificar os pontos fortes a serem potencializados e os pontos fracos que precisam ser revistos.
A mentalidade antifrágil é desenvolvida quando se aprende a não evitar as adversidades. No cenário dos negócios, regido por constantes mudanças e riscos, por exemplo, não é possível a todo momento prever riscos e crises, aliás, os problemas costumam ocorrer de maneira inesperada.
A antifragilidade se desenvolve quando se considera a desordem, o perigo, as incertezas, as instabilidades, as aleatoriedades, como fontes de desenvolvimento. Situações caóticas costumam despertar para apontar caminhos de desenvolvimento surpreendentes.
Para desenvolver a mentalidade antifrágil:
- Não se pode temer os erros e riscos;
- A cultura do feedback faz parte do desenvolvimento da mentalidade antifrágil entre os colaboradores;
- É importante que em situações de crise, sejam analisadas crises semelhantes, para que se consiga traçar melhores estratégias;
- Sempre que tudo estiver aparentemente bem e seguindo de maneira fácil, é importante se questionar, afinal, desafios são fundamentais no ambiente empresarial;
- Problemas não devem ser temidos, mas encarados. Além disso, podem ser utilizados como aprendizado para situações futuras.
Você sente que aprendeu mais em situações favoráveis ou em meio a um contexto pessoal e profissional caótico?